Notícias Jornal de Negócios

19 mai 2024 18h00
Comunicar a sustentabilidade, por ser algo ainda relativamente novo, pode levar a estes "enganos", que já mereceram a atenção do Parlamento Europeu, aprovando em janeiro a Diretiva Empowering Consumers for the Green Transition. Quando o tema incide na comunicação e na sua relação com a legislação (nacional e europeia), ninguém melhor para comentar o tema do que Margarida Couto, que acabou em abril de 2024 o seu mandato no GRACE. Isabel Barros, representante da Sonae SGPS, foi eleita para a presidência do GRACE para o mandato 2024-2026. Nesta entrevista, Margarida Couto fala do estado atual da comunicação corporativa da sustentabilidade, sobre o estágio das empresas portuguesas, mas, também do que se está a fazer em termos de legislação europeia e o seu impacto para as várias organizações.   Qual a sua perceção sobre como as empresas veem a sustentabilidade em termos de comunicação? Ainda há muito caminho a percorrer nessa matéria, mas é algo que está a mudar, e a um ritmo cada vez mais acelerado. Durante muito tempo, a sustentabilidade foi vista por muitas empresas como um "nice to have", "uma caixinha de coisas bonitas" e, como tal, a respetiva comunicação era um tanto enviesada, no sentido em que as empresas escolhiam comunicar essencialmente os aspetos positivos e desconsiderar os obstáculos, as dificuldades, os desafios, os insucessos.   A recente diretiva da Comissão Europeia pode ajudar na clarificação de como se deve comunicar a sustentabilidade? Sem dúvida. Tanto mais que não é a única medida legislativa que visa combater o greenwashing. A recente diretiva (Empowering Consumers for the Green Transition, aprovada pelo Parlamento Europeu em janeiro) visa essencialmente assegurar a proteção dos consumidores contra práticas desleais em matéria de transição ecológica. Deste modo, proíbe que, na comunicação com os consumidores, as empresas anunciem os seus produtos ou serviços como sendo "verdes" ou "sustentáveis" ou "amigos do ambiente" de forma genérica, sem informação de base que permita consubstanciar este tipo de "publicidade" (que passa, então, a ser considerada enganosa). Mas está em fase de aprovação mais legislação europeia sobre o tema, em especial a chamada Green Claims Directive, que irá complementar aquela diretiva, criando uma metodologia obrigatória para que as empresas possam usar "rótulos ambientais" ou fazer outro tipo de alegações ambientais.   A diretiva é suficientemente clara e cobre todos os aspetos? O que, eventualmente, ficou de fora? A diretiva é bastante clara e completa, mas foca-se sobretudo na defesa dos direitos do consumidor, no contexto da "Nova Agenda Europeia do Consumidor" lançada em 2020. Aquilo que ficou de fora será, em princípio, coberto pela Green Claims Directive, que está um pouco mais atrasada. Hoje são usados na UE mais de 200 "rótulos ambientais", aos quais não se aplicam regras específicas de fiabilidade. Com a futura diretiva, por exemplo, as alegações ambientais ("green claims") terão de ser objeto de uma verificação, efetuada por um organismo oficialmente acreditado, sob pena de serem proibidas.   Que avaliação faz da diretiva e o seu impacto no mercado nacional? Todas as iniciativas, de fonte legislativa ou de outra natureza, que contribuam para combater o greenwashing e o socialwashing são, do meu ponto de vista, positivas, pois é fundamental conseguirmos criar confiança no mercado em matéria de sustentabilidade. A diretiva terá necessariamente impacto em Portugal, levando nomeadamente as empresas a publicitarem os seus produtos de forma mais responsável.   A implementação da diretiva pode ajudar as empresas na utilização do termo sustentabilidade e evitar a sua desvalorização? Em que medida? Acredito que vai ajudar, sim. Em especial, vai evitar que as empresas que oferecem produtos verdadeiramente sustentáveis fiquem em desvantagem em comparação com as empresas que não o fazem, mas proclamam que o fazem, induzindo em erro os consumidores em particular e o mercado em geral.   Que meios são mais utilizados e quais são os temas/áreas mais discutidos? A nova diretiva cobre temas muito vastos em matéria de direitos dos consumidores, que extravasam em muito o tema do greenwashing. Por exemplo, são impostas novas e importantes regras em matéria de durabilidade e de reparabilidade dos produtos, o que é muito relevante em termos de promoção de uma economia mais circular. Em matéria de greenwashing, o meio utilizado para o combater foi o de o passar a considerar como uma prática comercial desleal e, como tal, proibida. A lista de práticas desleais foi substancialmente alargada, passando a incluir comportamentos que hoje ainda são "correntes". A título de exemplo, vai passar a ser proibido alegar que um produto tem um impacto neutro ou reduzido em termos de emissões de gases com efeito de estufa se isso for conseguido à custa de compensação de emissões/créditos de carbono. Ora, hoje ainda há muitas empresas que o fazem.   Quais são os principais desafios na comunicação da sustentabilidade? As dificuldades têm permanecido inalteradas ao longo do tempo? Os desafios são de vária ordem e nem todos são fáceis de vencer, mesmo para as empresas determinadas em não embarcar em más práticas. Isto porque, muitas vezes, as empresas acabam por entrar no território do greenwashing de forma não intencional, ou pelo menos, não consciente. Comunicar e fazer publicidade não é a mesma coisa, mas há pontos de interseção. O storytelling inerente às campanhas publicitárias facilmente pode resvalar para greenwashing não intencional, por exemplo. Com as novas regras, todos estes temas terão de merecer mais atenção e análises mais finas, o que também é em si mesmo um desafio para muitas empresas, nomeadamente por falta de recursos.   Qual a sua opinião sobre greenwashing e a sua evolução no mercado nacional? O greenwashing é uma prática condenável a todos os títulos, desde logo por minar fortemente a confiança. É uma forma de mentira, ou mesmo de fraude, se for intencional – e, como toda a fraude, deve ser combatido. Não me parece que o mercado nacional se distinga nesta matéria nos demais mercados europeus – acredito que haja muito greenwashing, mas também acredito que nem todo seja intencional. Como se costuma dizer na gíria, há muito "greenwishing", que é, no fundo, um género de "greenwashing bem-intencionado". Mas que, com a nova legislação, deixa de ser tolerável na Europa.   Como avalia a prestação de Portugal e das empresas portuguesas no que concerne à comunicação da sustentabilidade? Diria que são muitas as empresas que ainda estão a dar os primeiros passos na matéria, mas isso é capaz de ser verdade um pouco por toda a Europa. O facto de o relato de sustentabilidade passar a ser obrigatório para todas as empresas que não sejam PME (ao abrigo de uma outra diretiva já em vigor, a CSRD/Corporate Sustainability Reporting Directive) espero que ajude a comunicar melhor, pois as empresas não vão poder comunicar fora do relatório de sustentabilidade coisas diferentes das que comunicam no relatório. A obrigatoriedade do relato de sustentabilidade acabará por impor uma boa disciplina nesta matéria.   Quais as maiores dificuldades sentidas pelas empresas ao comunicar sustentabilidade? Uma das dificuldades decorre de este ser, num certo sentido, um tema novo para a maior parte das empresas. Até há não muito tempo, as empresas podiam escolher não comunicar sustentabilidade. Acredito que hoje isso já não seja uma opção (ou, pelo menos, uma boa opção), pois a sustentabilidade é um fator de competitividade. Além disso, aquilo que separa relatar de comunicar e de publicitar pode não ser ainda claro para muitas empresas. As próprias agências de publicidade/de marketing têm um caminho de aprendizagem para percorrer nesta matéria.   Quais os passos estratégicos e boas-práticas que as empresas deveriam seguir ao comunicar sustentabilidade? Diria que devem começar por definir uma estratégia de comunicação de sustentabilidade, que leve em linha de conta as novas regras aplicáveis e que sirva a própria estratégia de sustentabilidade da empresa. E, claro, aumentar o nível de literacia interna sobre estas matérias que, sendo novas, são incontornáveis e vão exercer cada vez mais pressão no futuro.   Que conselhos daria a uma empresa que equaciona começar a comunicar o que está a fazer em termos de sustentabilidade? Que comece por definir uma estratégia de sustentabilidade. Se a empresa não tiver objetivos claros e não tiver estabelecido medidas para os atingir, dificilmente conseguirá comunicar sustentabilidade não apenas de forma efetiva, como de forma compatível com as crescentes exigências legais na matéria. Recomendaria também que se prestasse muita atenção ao greenwashing, também numa lógica de prevenção de risco – nos últimos anos assistiu-se a uma explosão de litigância nesta matéria. Mas a resposta não é deixar de comunicar – o greenwashing não se combate com "greenhushing", mas com transparência!   Considera que a área da sustentabilidade (e a sua comunicação) deveria ser gerida pela responsabilidade máxima da entidade ou, pelo menos, estar integrada na estratégia da empresa? Sim, é fundamental que as empresas definam um governance de sustentabilidade e, no meu entender, a mudança efetiva só acontece se a responsabilidade máxima for atribuída à gestão de topo. Por outro lado, e como referido, a estratégia de comunicação de sustentabilidade deve integrar a própria estratégia de sustentabilidade da empresa, sob pena de ou não ser efetiva, ou até de causar dissabores.   Na comunicação da sustentabilidade, quem deverá dar a cara pelas ações da empresa? Porquê? No plano mais estrito da comunicação de sustentabilidade propriamente dita, é natural que haja um grande envolvimento de quem lidera os departamentos de comunicação/de marketing. Mas, tendo em atenção que a linha que separa o reporte de sustentabilidade da comunicação de sustentabilidade (e, consequentemente, do marketing) é fina, é muito recomendável que os líderes dos diversos departamentos envolvidos trabalhem em conjunto, idealmente de forma articulada com a gestão de topo e cumprindo as diretrizes que resultarem da estratégia de sustentabilidade que tenha sido definida.   Qual o papel de associações como o GRACE na promoção de boas-práticas na comunicação da sustentabilidade? O GRACE promove a responsabilidade e a sustentabilidade das organizações e o fortalecimento de um movimento global de empresas responsáveis, comprometidas com os princípios da sustentabilidade nas suas diversas dimensões, apoiando os seus associados na sua jornada de sustentabilidade. E prestamos esse apoio de muitas formas, uma das quais é justamente através da disseminação de conhecimento em todo o tipo de matérias de sustentabilidade incluindo, naturalmente, o da comunicação. Ainda em fevereiro passado, por exemplo, organizámos um webinar sobre a nova diretiva e os seus impactos, justamente para aumentar o nível de literacia na matéria. Por outro lado, ativamos o trabalho colaborativo em rede entre os nossos associados, partilhando boas-práticas. Ora, não há melhor forma de as empresas aprenderem do que umas com as outras, é muito poderoso!
8 min leitura
19 mai 2024 16h43
António Garcia Pereira - advogado, professor universitário, autor e ativista cívico - é o vencedor deste ano do Prémio Nelson Mandela, atribuído pela associação ProPública – Direito e Cidadania. A distinção acontece no Dia do Advogado, como forma de homenagear "o Homem e o profissional que ao longo de quase meio século esteve sempre na primeira linha da defesa da honra e dignidade da Advocacia", afirma a ProPública, em comunicado.

A associação descreve Garcia Pereira, que é advogado desde 1977, como "uma voz corajosa e firme em defesa da Advocacia, do bem comum e dos direitos dos cidadãos, mesmo quando estes têm posições políticas, sociais ou desportivas contrárias às suas".

A ProPública sublinha a importância do prémio - que já foi atribuído a nomes como Francisco Teixeira da Mota (2021), Leonor Caldeira (2022) e Maria Clotilde Almeida e Paula Penha Gonçalves (2023) - numa altura em que os advogados são "confrontados com um ataque sem precedente aos seus direitos, garantias e imunidades".

"A igualdade de armas com o Ministério Público é cada vez mais ilusória, depois das recentes alterações ao Estatuto da Ordem dos Advogados. Por outro lado, na área do acesso aos serviços públicos e da administração da justiça é patente a deterioração dos direitos dos cidadãos, especialmente dos mais frágeis e vulneráveis", pode ler-se no comunicado.

O prémio de 10 mil euros vai ser entregue no dia 18 de julho, Dia Internacional Nelson Mandela e que celebra a data do seu nascimento.
1 min leitura
19 mai 2024 15h14
Um helicóptero que transportava o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, esteve este domingo, 19 de maio, envolvido num acidente no norte do país, segundo a imprensa local, que refere que o aparelho se terá despenhado.

"Segundo informações não confirmadas, o helicóptero que transportava o Presidente (...) despenhou-se na província do Azerbaijão Oriental", afirmou a televisão estatal, acrescentando decorrem operações para o localizar em condições meteorológicas adversas, com o registo de chuvas fortes e algum vento.

Citada pelas agências noticiosas internacionais, a televisão estatal avançou que o incidente ocorreu perto de Jolfa, uma cidade na fronteira com o Azerbaijão, cerca de 600 quilómetros a noroeste da capital iraniana, Teerão.

Raisi tinha estado no Azerbaijão no início de domingo para inaugurar uma barragem com o homólogo azeri, Ilham Aliyev, naquela que é a terceira barragem construída pelos dois países no rio Aras.

O Irão possui uma variedade de helicópteros no país, mas as sanções internacionais dificultam a obtenção de peças para os mesmos. A sua frota aérea militar também remonta, em grande parte, ao período anterior à Revolução Islâmica de 1979. Raisi, de 63 anos, é um homem de linha dura que anteriormente dirigiu o poder judicial do país e é caracterizado como um protegido e possível sucessor do líder supremo do Irão, o aiatola Ali Khamenei.

Raisi venceu as eleições presidenciais iranianas de 2021, uma votação que registou a taxa de participação mais baixa da história da República Islâmica.
1 min leitura
19 mai 2024 13h50
A França e a Alemanha estão "profundamente preocupadas com a situação na Geórgia", onde o parlamento adotou uma lei controversa sobre a "influência estrangeira" que vai "contra os valores europeus", noticiou a AFP, citando o Presidente francês.

Segundo adianta a AFP, esta preocupação foi manifestada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, numa mensagem no Facebook, também assinada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz.

"Os nossos dois países têm sido fervorosos defensores do caminho europeu da Geórgia", que é candidata à adesão à União Europeia desde dezembro, e "é com profundo pesar que registamos a decisão do governo georgiano e do partido no poder de se afastar desse caminho", referem ainda o Presidente francês e o chanceler alemão.

Entretanto, o partido no poder na Geórgia - "Sonho Georgiano" - está pronto a alterar a controversa lei sobre agentes estrangeiros, que causou protestos em massa neste país do Cáucaso, se as objeções ocidentais forem "justas", conforme noticiou a EFE.

Esta posição flexível face à lei em causa, que motivou protestos devido à semelhança com as regras repressivas da Rússia, foi transmitida à EFE por Nikoloz Samjaradze, presidente da comissão parlamentar de relações externas.

"Por enquanto, a Geórgia só ouve declarações políticas, mas espera e está pronta a ouvir objeções jurídicas justas e a alterar a lei se existirem pontos específicos que contradigam as normas europeias", referiu.

Samjaradze diz que aqueles que criticam a lei são superficiais, porque desconhecem a situação no Cáucaso do Sul e "todos os perigos decorrentes da ocupação russa", aludindo ao reconhecimento pelo Kremlin da independência das regiões separatistas da Ossétia do Sul e da Abcásia.

"Se virmos uma atitude construtiva, se ouvirmos objeções justas das instituições ocidentais (Comissão Europeia e Organização para a Segurança e Cooperação da Europa) tê-las-emos em conta e introduzi-las-emos na lei", observou.  
1 min leitura
19 mai 2024 11h44
O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, atingido na quarta-feira com vários tiros, está fora de perigo, mas ainda necessita de cuidados intensivos, revelou este domingo, 19 de maio, o vice-primeiro-ministro Robert Kalinak, quatro dias após o ataque ao chefe de governo.

"Não existe mais qualquer perigo imediato para a sua vida, mas o seu estado continua grave", disse Kalinak a órgãos de comunicação locais.

Robert Kalinak, que é o aliado político mais próximo de Fico, acrescentou que, apesar das boas notícias, o primeiro-ministro eslovaco continua a necessitar de cuidados intensivos".

O político foi submetido a uma operação de cinco horas na quarta-feira e outra mais curta na sexta-feira, ambas num hospital na cidade de Banska Bystrica, no centro da Eslováquia. Robert Fico, 59 anos, foi atingido na quarta-feira com vários tiros à saída de uma reunião do Governo na cidade de Handlová.

No sábado, o tribunal de Pezinok, uma pequena cidade nos arredores da capital, Bratislava, determinou a detenção do suspeito de forma preventiva.

O suspeito foi acusado de tentativa de homicídio premeditado e pode enfrentar uma pena entre 25 anos e a prisão perpétua.

Os procuradores pediram à polícia para não identificar publicamente o suspeito, nem divulgar outros pormenores sobre o caso, mas relatos não confirmados nos meios de comunicação social referem que se tratava de um reformado de 71 anos, conhecido como poeta amador, que terá trabalhado como segurança de um centro comercial no sudoeste do país.

As autoridades governamentais deram entretanto pormenores que correspondem a essa descrição. Disseram que o suspeito não pertencia a nenhum grupo político, embora o ataque em si tenha sido motivado por questões de natureza política.

Os líderes mundiais já condenaram o ataque e ofereceram apoio a Fico e à Eslováquia. Fico, que ocupa o cargo de primeiro-ministro desde que o seu partido centrista, Smer-SD, venceu as eleições legislativas no outono passado, é há muito uma figura polémica na Eslováquia e não só.

O seu regresso ao poder no ano passado, numa plataforma pró-Rússia e anti-norte-americana, levou a que os membros da União Europeia e da NATO se preocupassem com a possibilidade deste abandonar o rumo pró-ocidental do país, em especial em relação à Ucrânia.

Esta tentativa de assassinato chocou profundamente a Eslováquia, um país de 5,4 milhões de habitantes, membro da União Europeia e da NATO, que está fortemente dividido politicamente há anos.
1 min leitura
19 mai 2024 11h00
A reintrodução de quotas à entrada e regularização de imigrantes, como as que eram definidas em concertação social por exemplo em 2008, não resolvem "o problema", considera o secretário-geral da UGT.

"O problema não se resolve por estabelecermos quotas à entrada de imigrantes", responde Mário Mourão, em entrevista ao Negócios e à Antena 1, depois de o primeiro-ministro ter anunciado de forma genérica uma mudança para breve nas regras.

"Os empresários foram aqueles que na concertação social mais pressionaram que se alterasse a lei da imigração, para colmatar a falta de mão de obra", disse ainda Mário Mourão, antecipando que a posição se mantenha. 

"O turismo continua a precisar de mão de obra e nós temos dificuldade em encontrá-la no mercado português", refere o líder da UGT, acrescentando que há compromissos por exemplo a nível da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Em resposta a André Ventura, durante o debate quinzenal, Luís Montenegro afirmou na passada quarta-feira que o Executivo vai falar nesta próxima semana com os restantes partidos para "desenhar um plano de ação para cumprir imediatamente, que possa trazer a resolução das centenas de milhares de processos [de regularização] que estão em atraso" e que possa para futuro evitar "uma nova acumulação de processos".

O Programa do Governo prevê que se adote o princípio de "que somos um país de portas abertas à imigração, mas não de portas escancaradas", materializado "em objetivos quantitativos para a imigração", "ponderando a dimensão da segurança, priorizando em termos de qualificações e evitando a exploração por redes ilegais e criminosas".

No Parlamento, na quarta-feira, o primeiro-ministro defendeu que é necessário "maior regulação" e evitar que se permita "o abuso" de regras legislativas.

Na entrevista ao Negócios e à Antena 1, no Programa Conversa Capital, o secretário-geral da UGT admite que a falta de respostas ao nível da regularização de imigrantes pode entregar as pessoas às redes de tráfico humano.

É preciso criar condições de habitação, ao nível dos rendimentos, e "mecanismos que impeçam a exploração dessas pessoas", sustenta.
1 min leitura
19 mai 2024 10h36
A Rússia vai continuar a "explorar novos territórios" em África aos quais estender a sua cooperação militar, não obstante ter assinado acordos com 43 países do continente entre 2015 e novembro de 2023, afirmam contactados pela agência Lusa.

O acordo de cooperação militar assinado por São Tomé e Príncipe a 24 de abril e em vigor desde o passado dia 5 de maio acrescenta mais um país africano à já extensa lista das relações de segurança e defesa entre a Rússia e África, mas a presença russa no continente "não é substantiva em termos de investimento" e tem sido "largamente amplificada pela desinformação russa", afirmou a investigadora do Crisis Group International, Enrica Pico, em declarações à Lusa.

"A Rússia vai continuar a ter uma presença significativa e deverá querer explorar novos territórios ou novas áreas [em África],  além do Sahel, onde entrou na sequência de vários golpes de Estado", disse, por outro lado, Nicodemus Minde, investigador do Institute for Security Studies (ISS), em Pretória.

Segundo este analista, "Moscovo não está a olhar só para a África Ocidental, mas também para a África Oriental, nomeadamente para o Quénia, Tanzânia, Uganda, Sudão, e mais para o Sul, para Moçambique também, sendo que com o Zimbabué e com a África do Sul mantém estreitas relações históricas".

Também Enrica Pico considera que a Rússia continuará a alargar a sua presença no continente africano, mas mantê-la-á "ligeira". Moscovo "alargará o número de acordos com países com os quais pode manter essa presença e influência ligeiras, se isso não custar muito investimento", afirmou à Lusa.

De acordo com a investigadora, que fez parte do painel de peritos das Nações Unidas para a República Centro Africana, onde a Rússia se tem mantido presente através do grupo paramilitar Wagner Group, "esta estratégia está muito enraizada, e os russos vão aproveitar todas as oportunidades que puderem".

"E se a oportunidade vier das antigas colónias portuguesas ou de outros países que não estavam tão abertos a Moscovo até agora, eles não vão desaproveitá-la; vão manter os olhos abertos a qualquer tipo de oportunidade, como fizeram até agora", sublinhou.

De acordo com uma investigação publicada pelo "think tank" do Parlamento Europeu (PE) em fevereiro último, a invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022 e o subsequente confronto aberto com o Ocidente em "todas as arenas", "colocaram novamente em evidência o continente africano como uma área de rivalidade geopolítica", a que Moscovo - mas não só - dedicou particular atenção.

"O atual envolvimento da Rússia no continente procura quebrar o isolamento diplomático e económico imposto pelo Ocidente, reafirmar a sua própria relevância na cena internacional como uma líder do novo `mundo policêntrico` e fazer avançar as suas ambições geoestratégicas em matéria de exploração mineira, energia e presença militar em zonas fundamentais", escreveram os investigadores do gabinete de estudos do PE Anna Caprile e Eric Pichon.

Esta investigação destapou a existência de acordos militares assinados por Moscovo com 43 países africanos entre 2015 e novembro de 2023.

"Estes acordos traduzem vários níveis de envolvimento, desde acordos gerais e cerimoniais a uma cooperação mais específica e substancial em domínios como a formação de pessoal militar, fornecimento de armas, apoio à luta contra o terrorismo e acesso a portos e bases aéreas militares ou civis", escrevem os investigadores.

O acordo com São Tomé é semelhante, mas traz uma novidade substantiva ao prever a "cooperação" entre os dois países "no quadro de organizações e fóruns internacionais sobre questões fundamentais de segurança e estabilidade internacionais", segundo o texto do acordo, a que a Lusa teve acesso.

Como são Tomé votou por duas vezes na Assembleia Geral das Nações Unidas a condenação da invasão russa da Ucrânia, o que atrás ficou formalizado assume particular relevância numa eventual mudança da posição são-tomense em relação à guerra na Europa.

Para além de ter tentado estabelecer bases militares próprias em seis países (República Centro-Africana, Egito, Eritreia, Madagáscar, Moçambique e Sudão, de acordo com o estudo), "apenas o acordo com o Sudão parece continuar a ser ativamente prosseguido".

"Se for concluído, o acordo com o Sudão [de onde surgem indicações de que Moscovo está a apoiar ambos os lados da guerra iniciada em 15 de abril de 2023] permitirá à Rússia estabelecer um "ponto de abastecimento logístico" em Porto Sudão para navios militares, incluindo navios nucleares, e instalar até 300 soldados na base naval", sublinham Caprile e Pichon.

Através de acordos de cooperação militar e de acordos "ad hoc", a Rússia tornou-se um importante fornecedor de armas a África.

As importações da Rússia representaram 40% das importações africanas de sistemas de armas importantes no período entre 2018 e 2022, ultrapassando os fornecimentos dos Estados Unidos, da Europa e da China.

Aém do comércio de armas, o comércio da Rússia com África aumentou substancialmente desde 2005, embora seja ainda relativamente insignificante quando comparado com outros parceiros comerciais.

Em 2022, as importações de África provenientes da Rússia representavam menos de 2% do total das importações do continente, enquanto as importações provenientes da União Europeia e da China representavam 25% e 18% do mercado, respetivamente, segundo a investigação do gabinete do PE.

Já as exportações de África para a Rússia representam uma parte ainda mais pequena do mercado (menos de 1% em 2022, contra 33% para a UE e 12,18 % para a China). A quota dos Estados Unidos é de aproximadamente 5%, tanto nas exportações como nas importações.

Finalmente, a Rússia tem uma presença considerável no mercado mineiro e energético africano, sendo que "as concessões mineiras russas estão concentradas em países caracterizados por uma má governação, como a República Centro-Africana, a Guiné Conacri, Madagáscar, Moçambique e o Sudão, o que permite esbater a linha entre concessões oficiais e concessões não oficiais", segundo os investigadores.

O envolvimento russo em projetos de extração de petróleo e gás natural é mais diversificado em termos geográficos, mas, mais uma vez, Caprile e Pichon sublinham que "as empresas russas não são parceiros oficiais em nenhum dos grandes projetos africanos de petróleo e gás". Com efeito, a Rússia contribui com menos de 1% do investimento direto estrangeiro no setor no continente.
5 min leitura
19 mai 2024 10h08
Rishi Sunak ultrapassou o rei Carlos I na lista dos mais ricos do Reino Unido elaborada pelo Sunday Times. Segundo esta publicação, a fortuna pessoal do atual primeiro-ministro inglês e da sua esposa, Akshata Murty, aumentou em mais de 120 milhões de libras no último ano, situando-se agora em 651 milhões de libras (760 milhões de euros), o que se se traduz num crescimento de 23%

Já a fortuna do monarca inglês registou uma subida mais tímida. Em 2023, a riqueza de Carlos I estava calculada em 600 milhões de libras e agora situa-se em 610 milhões de libras (712 milhões de euros).

O crescimento da fortuna da família de Sunak ficou a dever-se à valorização da participação de Akshata Murty na Infosys, a empresa do seu pai, e aos investimentos realizados pelo próprio Rishi Sunak.

A Infosys é uma tecnológica com sede em Bangalore, Índia, e tem uma capitalização bolsista calculada em 92 mil milhões de euros.

Apesar do crescimento, o valor total da fortuna do casal coloca-os apenas na posição 245 na lista dos britânicos mais ricos.

O número um do ranking do Suday Times é o empresário russo Alisher Usmanov, que fez fortuna no setor de minérios e é conhecido entre os britânicos por ser proprietário do clube de futebol Arsenal. A sua riqueza está avaliada em 13,3 mil milhões de libras (15,5 mil milhões de euros)
  Pese embora as fortunas do primeiro-ministro e do rei inglês tenham crescido, o Sunday Times diz que o "boom" dos milionários no Reino Unido chegou ao fim. Em 2022 esta lista tinha 177 nomes e agora fica-se pelos 165.

Ainda assim, a fortuna combinada dos 350 indivíduos mais ricos do país atinge o montante de 795 mil milhões de libras (929 mil milhões de euros), um valor superior ao PIB da Polónia.   Entre os milionários que viram a sua riqueza diminuir contam-se Richard Branson e Jim Ratcliffe, A fortuna do dono do Virgin Group situa-se agora em 2,4 mil milhões de libras (2,8 mil milhões de euros) e a do dono da Ineos e detentor de 27,7% do capital do Manchester United em 6,1 mil milhões de libras (7,1 mil milhões de euros).
1 min leitura
18 mai 2024 21h00
Quando, em outubro passado, o anterior governo, três associações patronais e a UGT resolveram rever em alta a meta do salário mínimo para 2024 (em dez euros, para 820 euros) não ajustaram as metas dos anos seguintes.   A versão mais recente do acordo de rendimentos manteve o valor do salário mínimo para 2025 nos 855 euros brutos por mês, o que implica, face ao que está em vigor, um aumento de 35 euros em janeiro, ou de 4,3%.   Agora, a UGT propõe que a meta do próximo ano também seja ajustada, passando para 890 euros por mês, numa subida de 70 euros face ao que está em vigor, ou de 8,5%.

"O ordenado mínimo para 2025 está estabelecido em 855 euros. A UGT acha, face aos indicadores que nos chegam, que pode ir, por exemplo, aos 890" euros, diz Mário Mourão, em entrevista ao Negócios e à Antena 1.

"E em 2026 ultrapassarmos os 900 euros", acrescenta.

Na entrevista o secretário-geral da UGT lembra que a revisão em alta já foi feita em 2024. "Nós já o fizemos. O reforço do acordo. Não é nada de novo".

Questionado sobre se tem algum sinal do Governo sobre se este reforço nos valores seria possível, o secretário-geral da UGT responde que a questão ainda não foi abordada com o Executivo.

A primeira reunião do grupo de trabalho criado para avaliar o grau de execução e projetar "eventuais alterações" ao acordo de rendimentos está marcada para a próxima terça-feira, dia 21.




1 min leitura